Quando se recebe uma carta no correio do centro de desemprego a avisar que estamos inscritos para uma formação no dia tal ameaçam-nos que se não comparecermos, nos cortam o subsidio de desemprego a menos que apresentemos uma justificação bem credível como, por exemplo, um atestado médico.
Pois acontece que a minha mãe recebeu em duas semanas várias cartas a marcar duas acções de formação exactamente para o mesmo dia, depois a remarcar as datas mas ainda assim coincidentes e finalmente como se não bastasse, as cartas vinham endereçadas para todas as localidades menos onde efectivamente moramos.
Ora, visto nos ameaçarem que se não comparecermos ficamos sem subsidio e visto as cartas nem virem registadas senti-me na obrigação de reclamar, pelo que a secretária do atendimento geral achou muito boa ideia e até incentivou, passo a citar “ nem sequer sou eu a culpada por isso está a vontade não vai sobrar para mim. Acho que faz muito bem.”. Passando à frente os comentários a este comentário tão tipicamente português lá pedimos os papéis para uma reclamação formal após nos ter sido perguntado se queríamos fazer apenas uma sugestão ou uma reclamação mesmo.
Vem-nos trazer uns papéis para preencher que vi imediatamente se tratar de uma carta interna e não o típico livro de reclamações. Após ter alertado para este pormenor sou informada que a chefia não gosta de fornecer o livro de reclamações, o que ia originar problemas e que o tal livro se encontra na posse da directora do centro que só por acaso é psicóloga e nos iria dissuadir a apresentar a queixa. Pois muito bem, a minha vontade de apresentar queixa aumentou profundamente.
A secretária disse que só a minha mãe podia ir fazer a queixa. Lá subiu e como eu, de repente, me lembrei que estou num sitio público com vários andares de acesso ao mesmo público ninguém me poderia impedir de subir e lá vou eu.
Após ter ouvido um pouco da conversa que já nem sequer se focava na reclamação oiço a directora a dizer que então pronto, estava tudo tratado, ia escrever uma cartinha para o chefe a alertar da situação porque nem sequer era culpa deles ,era um empresa externa e tudo ficaria resolvido. Para mim não estava nada resolvido porque entre o dizer e o fazer vai muito e eu não queria que o problema ficasse resolvido internamente porque se for internamente fica na mesma trampa e ninguém faz nada.
Aqui começou o problema. Depois de eu ter insistido que queria o livro de reclamações ela disse-me que não valia a pena, o que só me fez ter mais vontade de pedir o livro. Ela diz que vai dar ao mesmo, porque aquela queixa ia para o chefe dela e ela estava a escrever uma carta ao chefe e eu perguntei-lhe “Então se é a mesma coisa deixe-me escrever a reclamação. Se diz que é a mesma coisa não se importa…”. A senhora lá insistia que era a mesma coisa, que ela era uma pessoa respeitável, era a directora (ao que eu disse “epa isso eu não sei se é ou não”, por mim até podia ser o papa lá por ser directora quer dizer alguma coisa?). E depois seguiram-se 12 pedidos meus do livro ao que ela dizia “sim, mas eu posso lhe ir buscar o livro” e nunca se mexia. Por ela, até estava a ser bastante atenciosa, porque tinha me aberto a porta para eu falar com ela e podia não o fazer (eu disse “mas a partir do momento em que é directora tem de me atender e se eu marcar uma reunião tem de me atender na mesma”). Eu disse que se ela não me desse o livro eu chamava a GNR ao que ela diz que até podia chamar o segurança… tipo da securitas… ao que eu disse que ele só me podia convidar a sair não me podia tocar e após a negação deste facto ela lá o aceitou. Depois ela disse que se quisesse até chamava ela a GNR eu disse força mas acho que ela não ouviu.
Disse que só tinha tido uma vez uma queixa e era de um doente psiquiátrico, ora aqui vemos e, a juntar com o aviso da secretária, a vontade de não deixar as pessoas fazer queixas e descredibilizar quem o faz.
Voltou a insistir que a reclamação ia para o chefe dela e quando a minha mãe perguntou qual a entidade para a qual ia a reclamação, lá mostrou o livro de reclamações e disse que antes ia para o ministério do trabalho e solidariedade mas agora não ia. Entretanto estávamos a ver o carimbo do ministério e de uma direcção regional qualquer de Lisboa e vale do Tejo, portanto não me parece que aquele seja o chefe dela. Claro que eu lhe esfreguei isto na cara enquanto ela dizia que aquele era o tal chefe directo.
À falta de argumentos ela lembra-se de dizer que eu não era utente do centro logo não podia fazer a reclamação. Ora isto é tão ridículo que dispensa mais comentários.
Estávamos nisto há uns 15, 20 mins. Não me deu o livro. Entretanto a minha mãe ia-a desculpando o que estragou um bocado digamos assim (para não dizer totalmente) a minha insistência.
Lição que aprendemos com isto: devia mesmo ter chamado a GNR como eu intencionava, na GNR disseram-me que eu não estava a invadir espaço nenhum dela, o segurança não me podia tocar, eu posso lá voltar, como tenciono, na 2ª feira para reclamar de hoje e segundo o GNR até posso reclamar de achar o chão feio. Se quando eu lá for ela não me der o livro eu chamo a GNR e se ela não quiser dar o livro na presença da GNR eles metem-lhe um processo em cima. Também não adianta reclamar dela directamente na GNR porque isto não é considerado crime e pelo que o guarda disse também não adianta mandar uma carta pra chefia dela porque o que raio é que eu vou reclamar – que ela não me quis dar o livro???
Espero 2ª ir mesmo lá fazer reclamação mas como sei que sou portuguesa, provavelmente na 2ª já não o terei vontade de fazer. Bah e bah só vos digo uma coisa: Portugal!!!
Dêem ideias, façam comments, sugestões and so on… (eu sei que está meio grande e mal escrito é só para não me esquecer de dizer tudo)