sexta-feira, abril 20, 2007

Post sobre posts

Visto que agora está na moda escrever posts sobre tudo porque não escrever posts sobre posts?

Ora este pretende ser um post meramente desprovido de sentido, tal como todos os outros que eu faço, contudo, este leva a inutilidade da existência postiana a um esplendor máximo, a uma altura nunca jamais atingida por nenhum outro, nem sequer inigualável por nenhum outro comum mortal post e desafio desde já a que encontrem um post tão inútil quanto este. Claro que a resposta ao desafio terá de ser enviada para o apartado 502, Falagueira sul, com um aviso de recepção, numa carta registada, num envelope de 21 gramas, numa folha A4, com o vosso carimbo branco pessoal, devidamente datada e com os vossos dados pessoais mínimos, tais como nome completo, nome dos pais de casados e solteiros, morada, n.º da segurança social, do SNS ou ADSE (as pessoas que possuam outros regimes terão de preencher o formulário 51/82 da portaria de 15 de Maio de 1987), NIB, n.º do BI ou de carta de condução, eventualmente passaporte (reparem como não deixámos os emigrantes de fora, apesar deles após alguns dias de permanência só desejarem nunca ter estado dentro), nome dos vossos animais de estimação com os seus devidos grupos sanguíneos e é claro, last but not the least, o vosso boletim de vacinas devidamente actualizados.

A inutilidade será imensurável, observem como eu já escrevi, e passo a contar, 239 palavras. Espero que esteja bem contado porque não me apetece contar palavras o que é extremamente atrofiante para o meu cérebro que começa a achar estranho contar palavras e ler números quando deveria ser o inverso. Se duvidem, experimentem, contem as palavras até ao 239 e tentem ler este número 1000100010.

Como não poderia deixar de ser terei de fazer uma breve introdução ao post. E é claro terei de ir à etiologia da palavra. Ora muito bem, post do inglês, cuja brilhante tradução para português é POST. (Gostaram??? Foi muito profundo! Como devem imaginar horas e horas de pesquisa googleianas ter-me-iam dado uma explicação bem culta e intrincada mas eu preferi, por algum motivo alheio ao meu pensamento racional, escrever esta trampa de significado).
Claro que se tentarmos arranjar um equivalente em português o resultado seria desastroso, eu própria tive a pensar no assunto 5 segundos e meio e não consegui encontrá-lo. Pensei em nota, mas depois lembrei-me dos post its e fica um bocado estranho. Pensei também em afixar, cujo substantivo correspondente seria afixo, o que parece ainda mais estranho… ah e tal vou fazer um afixo. Fiquemo-nos pela versão original.

É claro, que como boas pessoas que somos, teremos imediatamente de usar este estrangeirismo tanto quanto possível na nossa língua, se possível estragar-lhe todo o significado original, dizê-lo de várias e estranhas maneiras diferentes e inventar verbos, adjectivos, interjeições, etc alusivos a este. Assim, quando nós fazemos um post estamos a POSTAR. O melhor exemplo que me lembro que tão bem representa a nossa capacidade de destruir palavras é talvez o scan. Fazer um scan em português já foi chamado de scanar, escanar, scanear ou escanear, mas nunca de digitalizar. Tal como imprimir – printar ou o GAP aniónico – buraco aniónico.

Adoramos postar, falar de tudo o que nos vem à mente, escrever sobre nós, os outros, a vida, a morte, o amor, coisas completamente irrelevantes quando comparadas com este supremo post (reparem novamente que não somente ainda não disse nada de jeito, como ainda não falei sobre posts).

Vamos então lá falar de posts! A verdade é que não há nada para falar de posts, como eu aliás já tinha pensado quando comecei a escrever este post e como tal o meu post acaba por aqui.

Espero que tenham amado tanto quanto eu este post sobre posts em que na frase anterior falei brilhantemente do contributo do post para a formação da nossa identidade socio-cultural e todas as suas ideossincrasias subjacentes, ténues mas patentes e fundamentais para justificar a existência do ser. Despeço-me com a não menos brilhante frase, que eu insistirei que não caia na memória colectiva do esquecimento: beijinhos, abraços e muitos palhaços!!!

3 comentários:

kadgi disse...

Oh meu Deus, o meu cérebro acabou de fugir pela orelha esquerda, não sei se consigo acabar de escrev

Anónimo disse...

está-se a tornar cada vez mais em britcom este blog lol

-DukeStyle-

agriao disse...

És grande.