sábado, janeiro 06, 2007

Vamos todos atentar no bedelho!

Sendo a nossa língua tão rica em ideologias, silogismos (não faço a mínima o que é isto mas pareceu que soava bem e dá-me um certo nível cultural que não tenho) e expressões coloquiais decidi atentar (mais uma palavra estúpida) numa expressão particularmente feliz, tão incompreendida mas tão usada.

Quem de nós não foi já bafejado por essa expressão tão tipicamente portuguesa "Não metas o bedelho onde não és chamado!"?! Ora eu até gostaria de deixar o meu bedelho de fora se eu soubesse o que é um bedelho.

Atentemos na expressão 'bedelho'. Segundo o dicionário KingHost:
BEDELHO - s.m. Tranqueta, ferrolho de porta. / Criança, fedelho. / Trunfo pequeno (no jogo). // Meter o bedelho, intrometer-se onde não foi chamado.
Ora vejamos o que podemos então depreender desta explicação:
(1) Não metas a tranqueta ou o ferrolho da porta onde não és chamado! Pois claro que não faz sentido, pois se eu pusesse a tranqueta onde não era chamada, não conseguiria lá chegar visto que a perderia e isso não me interessaria, visto que eu quero estar onde sou chamada (penso eu de que).

(2) Não metas a criança ou o fedelho onde não és chamado. Ora se eu própria não quero estar onde não sou chamada porque carga de água haveria de lá querer meter o fedelho??? Está certo que ele pode ser muito chato mas mesmo assim ninguém merece estar onde não é chamado, que me parece começar a ser um lugar muito mau visto que ninguém quer estar lá e até os fedelhos não merecem semelhante castigo.

(3) Não metas o trunfo pequeno (no jogo) onde não és chamado. Aqui reforça-se a ideia que 'onde não és chamado' deve ser mesmo algo a evitar a todo o custo. Um trunfo pequeno é assim uma espécie de ralé dos trunfos, um Sócrates dos portugueses, um Bush do mundo, um Baco dos deuses, uma lentilha das leguminosas, um intervalo de publicidade, publicidade na caixa do correio, a pastilha que se cola ao nosso sapato, bosta de cão que pisamos, a TVI na nossa grelha de programação enfim you get it ( a TVI estar ao pé da bosta não foi coincidência).

(4) Não te intrometas onde não foste chamado. Resta-nos é claro a opção mais óbvia, mais portuguesa. Agora sim conseguimos imaginar um nosso compatriota a mandar o outro bugiar (again o que será isto?), dar um giro, dar de frosques, ir cagar pra dar peidos (isto já conseguimos visualizar) ... em suma ir meter o bedelho nesse sítio tão mau que só pode ser enunciado como 'onde não és chamado'.

Resta a questão inicial de o que será o bedelho e porque é que eu o tenho de não o meter onde não é chamado. Sendo assim onde meterei eu o meu bedelho? A quem o confiarei? Quem zelará por ele? Será o bedelho uma parte corporal física ou puramente imaginária? Pois bem, novamente todas estas questões me inquietam, a mim e ao meu bedelho que eu insisto em meter onde não é chamado. E se eu o meto onde não é chamado, será que há pessoas que chamam pelo meu bedelho (os chamadores de bedelho, em englixo bedelho-callers)? Que curso é que estas pessoas tiram e onde? Será preciso um doutoramento? Se alguém souber por favor diga, desprezem o senso comum e por favor metam o bedelho!

7 comentários:

kadgi disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
kadgi disse...

Não era lindo que em vez de Obikwelu a mulher gritasse Bedelho?

agriao disse...

"E se eu o meto onde não é chamado, será que há pessoas que chamam pelo meu bedelho (os chamadores de bedelho, em englixo bedelho-callers)? Que curso é que estas pessoas tiram e onde? Será preciso um doutoramento?"


Casa comigo.

LOL!

kadgi disse...

Bedelho-caller i am.

KrystalNight disse...

Epa só se te curares da pneumonia agrião que eu não me caso com pessoas doentes argh ;) btw ja fiz comment ao teu post vai la ver. Get well soon.

Anónimo disse...

Não te preocupes, eu agora sou um doente mental. Acho que essas coisas não se pegam.

:D

Anónimo disse...

Aliás, estive a pensar... Se calhar eu nem seuqer tive um principio de pneumonia. Se calhar só fiquei "doente" porque sou orfã... Deve ser dos nervos.