sábado, janeiro 27, 2007

Quando coisas boas acontecem a pessoas más

"Ou coisas más a pessoas boas ou coisas boas a pessoas más

Há pessoas que por natureza são boas. São pessoas que dedicam a sua vida a causas, que agem a favor dos outros, que são altruístas, simpáticas, despretenciosas, isentas. São pessoas que acreditam no amor e na amizade, nas coisas boas da vida, que valorizam o nascer do sol, o canto dos pássaros pela manhã, o riso de uma criança, a beleza de uma flor.

Em suma, são aquelas pessoas que nos fazem vomitar todos os dias de manhã enquanto pensamos que se algum dia a bomba atómica fosse lançada em mais alguém, simplesmente teria de ser neste tipo de gente. Chateiam-nos o juízo com obras de caridade, insistindo que deveríamos tomar acção em algo deste género; vão para os supermercados fazer peditórios num domingo de manhã, quando o comum mortal está a dormir; na véspera de natal vão servir comida aos sem-abrigo numa esquina qualquer perto de si, de preferência entre os ratos e as ratazanas da zona; choram que nem umas desalmadas quando vêem filmes lamechas, espalhando por toda a gente que o Titanic é o melhor filme de sempre (coitadinho daquele pobre rapaz que morreu congelado mirradinho que nem uma ervilha descongelada, com a mão esticadinha para o alto qual estátua da liberdade para salvar aquela outra que no final, lança um colar caríssimo ao oceano) e que se ganhassem o Euro Milhões metade do dinheiro seria doado às criancinhas do Kambodja que sofrem de espondilite anquilosante.

Depois existem as pessoas más. Muito mais divertidas por natureza. Toda a gente sabe que, as pessoas boazinhas não se conseguem rir de piadas, pois estão em permanente estado de agonia por preocupação com as supra-citadas criancinhas e outras mais … a lista é infindável. De facto, por estarem tanto tempo em tormentos mentais até já nem conseguem gargalhar (dar uma gargalhada) por atrofia dos músculos faciais, mantendo contudo o grau de estiramento muscular básico para sorrir, visto precisarem de o fazer para os socialmente desfavorecidos que ficam muito mais reconfortados com um sorriso que com um pratinho de sopa. Aliás, só os maus conseguem alcançar o grau máximo de desenvolvimento muscular facial, denotado nas gargalhadas francas e abertas dos vilões que ecoam na nossa mente para sempre – o típico mwahahahahahahahaha.

As pessoas más não têm limites: podem caminhar pela floresta livre e despreocupadamente sem receios (o capuchinho vermelho não podia e vejam só o que lhe aconteceu), podem cozinhar os fedelhos que decidem comer a nossa casa de chocolate (Hansel e Gretel), podem arranjar milhões de piadas para gozar com aves desajeitadas e bastardas (como o patinho feio), podem-se picar onde quiserem sem ter de dormir durante 1000 anos à espera de um abusador que chegará num cavalo e apesar de não tratarmos da nossa higiene há centenas de anos, ainda nos beija e só pára por aí porque acordamos, podem expulsar do exército um soldado que perdeu a perna e só faz é atrapalhar os outros colegas que têm de carregar o mastronço que inda por cima é de chumbo (o soldadinho de chumbo) e podem mandar bugiar a pobre e mal agradecida, que não tem dinheiro para comprar um relógio, nem sequer a decência de perguntar que horas são e consegue-se atrasar e ainda perder um dos sapatos que lhe foram confiados, fazendo-se depois de difícil, “ah e tal não quero calçar o sapato”, e obrigando o pobre do príncipe a andar à procura dela por todo o reino (a gata borralheira). As pessoas más podem atormentar as crianças com filmes tão macabros quanto Alice no País das Maravilhas. Se alguém encontra alguma maravilha em se perder, encolher, ficar gigante, ir parar a um país onde a rainha de copas manda decapitar os seus súbditos que vivem num clima tão terrífico têm de se pintar de vermelho, onde existe um gato maluco que só mostra os dentes, um coelho alucinado que foge com a chave e está sempre atrasado, uma lagarta que fuma cigarros estranhíssimos em cima de cogumelos, um gajo que diz que é um ovo, vive numa casca e está sempre em cima de um muro, se, repito, alguém acha alguma maravilha nestes eventos, deverá se dirigir à Avenida do Brasil onde uma enorme equipa de pessoal especializado a aguarda, com um coletezinho todo catita, cuja única desvantagem é restringir um pouco o movimento corporal da cabeça para baixo, mas vejam a coisa pelo lado positivo podem-se movimentar em cima de cágados gigantes imaginários, ter conversas com as imensas vozes amigas, dedicar a vossa vida a reproduzir os feitos de Jack, o estripador e alegar inimputabilidade e contar ninhos de vacas – a constelação de Andrómeda é o limite da vossa imaginação, ou isso ou as paredes acolchoadas do vosso novo quarto.

Ora bem, isto tudo para dizer que, às vezes, acontecem coisas boas ou más a pessoas boas, às vezes, acontecem coisas más a pessoas más, é tudo lamentável e terrível, pois claro que sim. Giro, giro é quando acontecem coisas boas a pessoas más. Acontecerem coisas más a pessoas boas também tem a sua piada, contudo convenhamos, aquela pessoa irá se desculpar, dizendo que a culpa foi totalmente dela, que está a pagar pelos seus pecados, que não foi uma pessoa boa o suficiente e aquela tragédia toda que lhe poderá acontecer será submersa num misto de desculpas e mar de lágrimas e perderá todo o seu efeito trágico-cómico."


Isto é só um ensaio, gostaria que lessem e que me dessem ideias para continuar a escrever. A ideia base é esta, relatar quando acontecem coisas boas a pessoas más. Aquilo que me levanta problemas neste momento é saber se crio ou não personagens que se mantêm, se vou criando personagens para diferentes situações, se continuo em modo dissertação and so on... Desde já obrigada pela ajuda, coisinhas, coisinhas... internem o kadgi.

5 comentários:

Anónimo disse...

Isto o que era, era pendurá-los de cabeça para baixo, untá-los com mel e chamar os ursos!
BANDIDOS!

-Dukestyle~

agriao disse...

lolol eh pa, tenho impressao de que, faças o que fizeres, vai continuar a ter piada :P

Escreves mta bem! ;D

kadgi disse...

Bandidos, pah!!

Lol, isto tá lindo, valeu a pena esperar...

Já agora, permite-me uma correcção que julgo necessária. O "Alice no país das Maravilhas" não é um conto assustador, sem magia aparente. O que se passa na realidade é até bastante óbvio: trata-se de uma mastodontica ode às drogas, um showcase(quem rula?)das mais variadas substâncias enebriantes ou psicotrópicas. Coelhos a Speed, Lagartas a fumar Opio, Chapeleiros a dar no chá, cogumelos que fazem "crescer e diminuir", alucinações com gatos de dentes amarelos....Repararam que eu disse "showcase"?

Acontecerem coisas más a pessoas boas, de facto, já era. Entrego-me de braços abertos à ideia das coisas boas que acontecem a pessoas más - Tomem lá que é pra verem!

Eras grande se criasses qq coisa com isso, tipo um grupo de pessoas que não interessam a ninguém a quem, de repente, só acontecem coisas boas- o que aconteceria ao cinismo se já não tivesse bases pra existir? Ficariam eles com "o rei na barriga", tipo as princesas de nariz enpinado das histórias, ou haveria alguma mudança no comportamento?
E como seria a tomada de consciência dessas pessoas acerca do bem e do mal, visto que, normalmente, quem é visto como "mau" é na verdade simplesmente "amoral"?

Pano pra mangas, gaja, pano pra mangas.
Venero-te por este post.

KrystalNight disse...

MAs sempre o mesmo grupo de pessoas? Tipo personagens fixas ou vou criando historinhas e em cada uma arranjo umas personagens?

kadgi disse...

é contigo. Podias fazer uma historia pra cada personagem, ou então a historia unica de um grupo de amigos q é assim (embora um grupo de amigos de gente má n faça mt sentido)
Mas acho q a parte gira é o confronto com as outras pessoas normais, as pessoas ditas "boazinhas" q estão sempre a dizer que tudo o que é mau só lhes acontece a eles.
Experimenta e diverte-te!